sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O tempo...

O tempo não faz milagres, mas ajuda a esquecer a mágoa...
Não gosto de me sentir insensivel ás situações, faz me ser fria e durante muito tempo fui uma pessoa fria, ainda hoje continuo a ser...de alguma maneira...
Devia canalizar a minha frieza para aquilo que me prejudica por vezes, mas não consigo, acho que depois de ter sido mãe o meu coração transformou-se...durante muito tempo achei que ser mãe era uma coisa má, nunca pensei vir a ter filhos...hoje...ontem....depois da minha filha me ter abraçado e me ter dado um beijinho de boa noite, coisa que ela nunca tinha feito, o meu coração tremeu...
Ficou cheio de amor...e chorei...e escrevo com as lágrimas a correrem-me pela face a esta hora...porque me emociono com a escrita e com as recordações...não é vergonha chorar, ainda há dias eu e o pai dela chorámos em conjunto, porque precisávamos disso, de mandar cá pra fora o que nos magoava...e porque aprendemos a confiar um no outro, a ouvir-nos mutuamente e não ser só um a falar...conseguimos no alto da nossa amizade conquistar o respeito que nos faltava...

Acho que as crianças sentem quando os outros precisam de carinho...acho que as crianças apesar de serem extremamente crueis umas com as outras conseguem ser muito mais sinceras e directas do que os adultos...e não se importam se eles, os adultos, ficam chateados...são crianças...são puras de alguma maneira...porque sabem que têm os adultos que tratam delas e as protegem...são espertas...
Gostava de conseguir ser como as crianças...assim...muitas vezes...mas cresci e cada dia que passa cresço mais...por dentro...e observo a minha mudança...no entanto se há algo que eu não posso mudar é a minha natureza, o que já nasceu comigo...o resto é moldável...e o tempo faz me cada dia que passa ser mais adulta...mais compreensiva....mais activa...mais sensata...mais confiante...mais mulher...
Estou a aprender a gostar mais de mim e não a mandar cá pra fora o que os outros querem ver, não posso, não seria honesto...e já menti durante muito tempo a mim mesma...e aos outros...e isso magoa-me...e magoei muita gente que não merecia...

Gostava de recuperar o tempo perdido...mas isso tem tempo de se recuperar, a não ser que morra já amanhã...bem...se for essa a minha sina...que remédio...ahahaha...mas não acredito...sinto que a missão que tenho na terra ainda não acabou...sou muito sensitiva e algumas vezes intuitiva...estava apagada apenas...mas consegui desenvolver a minha parte sensivel...sozinha...no meio da natureza...em contacto com a terra, com o ar, o fogo, a água e assim elevei o meu espirito...ainda tenho mais para desenvolver...

Somos feitos de terra, um dia voltaremos a fazer parte dela...somos água e por isso precisamos de hidratar o nosso interior, lavá-lo...somos ar...quando temos por vezes atitudes voláteis como o vento e somos fogo porque em nós...Homens...reside a paixão de sermos melhores, eu penso assim, para comigo...

É isso que faz de mim ser uma guerreira, a mulher que deixou de ter medo de si própria, porque a guerrilha urbana eu conheço de cor, vivi lá, guerreira mulher que aprende com o que já passou na vida...porque tinha de acontecer...talvez...para aprender a não ser a mesma...e isso vai estar sempre a acontecer...a errar.. a aprender...e essencialmente aprender a cair...porque sem isso não existe luta, não existe alma...não existe força...

Quero que o tempo não seja muito cruel comigo, pois aprendi a gostar muito dele...lembro-me de mim quando era mais livre...e inconsciente...não era uma mulher ponderada, era impulsiva...pensava mais com o coração do que com a cabeça ou então...não pensava...e hoje... consigo entender aos poucos a razão da minha impulsividade...a vontade de crescer depressa, a vontade de conhecer o mundo, as pessoas, sair daquela redoma de vidro onde me quiseram aprisionar a encarcerarem me a cabeça, as ideias, com fantasias de que o mundo é perfeito, fruto da minha educação conservadora e repressiva.

Não se pode crescer depressa porque o tempo não deixa...o tempo é o tempo...e esse é soberano...





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