sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O armário!

Encontrei há dias uma amiga, fui fazer-lhe um armário, tremia.
Como uma onda de tristeza angustiante, o seu semblante era frio, sem forma, os olhos brancos, o espirito morto.
O corpo estava inerte, sem reacção anímica ao meu mais leve toque. Todo o seu interior estava desolado e entre arritmias cortantes, o choro compulsivo entre intervalos de tranquilidade absorvia-lhe o peito como uma pedra no seu lugar.
O buraco no estômago ao qual se agarrava teimava em queimar as paredes do seu minúsculo quarto.
Disse-me que tinha tomado banho e que por momentos tentou arrancar com sabão pedaços de si pela repulsa dominante.
Chorámos junt@s sem querer saber a razão pela qual estava assim.
Confessou-me que estava a viver o momento, o presente.
Como quem nunca tinha feito isso, pela primeira vez fez o que era correcto.
Nunca tinha sentido alguém sofrer por algo que outrora eu vi sorrir como se observasse uma libelula beijando um nenufar.
O presente, disse-me.
Não me quis contar, e aí pressenti que se não lhe desse um abraço, a sua dor iria ser maior.
Não sei o que foi, mas sinto que o que magoa é maior que qualquer sentimento supremo, a liberdade da confiança ganha, a pertença, a partilha, a segurança que ela conquistou por momentos sem fazer projecções, foi lhe retirada como uma flecha que atravessava uma rocha.
Assume as suas falhas enquanto humana.
Passei lá a noite com todo o respeito que nos assiste, tendo plena certeza que me estenderia a mão caso estivesse no seu lugar.
No dia seguinte quando a olhei, dançou, sorriu, saiu, fez o seu dia normal como irá fazer todos os dias da sua vida, um dia de cada vez.
Viver o presente.
Esta mulher de que vos falo é uma mulher que através das suas experiências se está a tornar cada vez mais forte e mais quente do que rocha liquida, esta mulher de que vos falo é uma mulher que continua a enfrentar os seus medos, que se liberta de cada vez que atinge os seus objectivos, arriscando a sua felicidade como se a sua vida fosse um castelo de cartas, que mantém a sua integridade, que mantém limpos os seus ideais, a sua cabeça e que aos poucos está a aprender a mudar a sua maneira de agir.

Existem pessoas que vivem verdadeiros conflitos interiores e a solução passa muitas vezes por manda-los cá pra fora.
Existem pessoas que se refugiam em outras tal como se refugiam em gaiolas dentro de si.
Existem pessoas que ainda não se aperceberam que se não se tornarem verdadeiramente independentes e se libertarem a elas próprias nunca poderão ser livres para com os demais.
Existem pessoas que continuam a viver do passado e não se dão conta que se não mudarem isso nunca vão conseguir alcançar a felicidade que tanto desejam.
Existem pessoas que vivem dentro de um armário porque têm receio de vir cá pra fora e abrirem-se sem medos, com vergonha muitas vezes do que os outros possam dizer ou pensar.
Existem pessoas que vivem uma depressão interior por si próprias e que se não se entregam ao mundo e aos outros verdadeiramente, assim, continuarão cegas agarradas aquilo que as faz sofrer.

Ao vir-me embora depois de lhe ter perguntado se ficava bem, sorriu, agradeceu o conforto e respondeu-me apenas com que nunca o seu bater esteve tão sangrento como se fosse uma alfineteira gasta.
"isso do coração...afinal...não é um mito"

O armário tal como o seu presente não fica por fazer... porque já há algum tempo atrás que começou a viver o agora...o passado esqueceu e...o futuro...não lhe interessa...

A mim, resta dizer depois do que vi, sem pretenciosismos, gostava de um dia conseguir ter a força desta senhora.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Um dia de cada vez...

Olá a todos, vou fugir á regra neste blog e desta vez não vou criticar, vou dizer-vos a todos, amigos e conhecidos muito OBRIGADA, por me lerem, por tudo.
Há dias em que me apetece gritar que estou feliz, há dias que apetece esconder-me, há dias em que oiço música pesada muitas vezes porque o ruído me faz esquecer as amarguras e não me faz pensar, há dias em que oiço música calma pa me sentir tranquila, há dias...

Admito sem necessidade de me justificar que por vezes me apetece chorar por mim, pelos outros e por todos. Não sou propriamente a santa que muitos possam julgar, sempre em prol dos fracos e oprimidos, mas gosto de ver toda a gente sorrir, muitas vezes sem sentido...

Não tenho medo de assumir as minhas derrotas, embora muitas vezes me custe engolir, mas no final de tudo serei eu a vencedora, porque a vida é mesmo assim, feita de dias... e todos são diferentes.
Sou sensivel, sou e frágil como muitos de nós que têm coração e não tenho medo de o dizer, sofro muitas vezes por dá cá aquela palha, por vezes sou ingénua demais porque acredito no ser humano. E vocês?! Acreditam no ser humano?!
É dificil, não é? Deve ser por isso que muita gente sofre, muitos sofrem em silêncio porque estão fartos de levar nos cornos, foram demasiado magoados para se voltarem a abrir novamente e voltar a sorrir. Prometi a mim mesma acreditar sempre, mesmo que isso me magoe, porque é assim que cresço por dentro sem medos de me voltar a entregar, as desilusões fazem parte da vida tal como as alegrias.
Há uns tempos atrás eu não acreditava em nada, muito menos que as pessoas gostavam de mim, até ao dia em que me libertei das minhas próprias opressões e comecei a viver, e a vida mudou, mudou tudo, até o relacionamento com muita gente.
Continuarei a acreditar tendo plena consciência de que existe sempre quem me tente fazer desacreditar, a esses, lhes digo obrigada pelo confronto, lhes digo olá com um sorriso porque a vida não é assim tão má, nós fazemos a nossa própria vida e se a não têm, arranjei-na á vossa maneira, sejam felizes.
Por vezes temos atitudes que só depois percebemos que foram erradas e não é fraqueza admitir que as tivemos, a mim custa me muitas vezes, mas como cada acto que temos tem um efeito e é antecedido muitas vezes por uma causa...reside aí a minha reflexão... as causas.

As desculpas não se pedem, evitam-se não é?! Pois eu quero mais é que se foda este cliché! Alguns fazem sentido, mas este é completamente irrisório quando se tem uma acção irreflectida. Sou teimosa, perco muito com a puta da minha teimosia, por vezes e com a falta de paciência.

Isto é só um desabafo, podia o fazer em silêncio, mas gosto de partilhar as alegrias e as tristezas sem medos. Houve quem me dissesse um dia numa conversa restrita que me exponho demasiado, mas eu sou mesmo assim, não consigo estar calada, agora a ralhar, agora a rir, agora a dizer bacuradas, eheheh

Aos amigos e conhecidos a quem não conheço pessoalmente e que de longe tem sempre uma palavra e a quem não simpatiza muito comigo, lamento, eu sou assim, obrigada, obrigada, obrigada (já pareço a Amália) :D pela vossa companhia, pelo vosso apoio, pelos confrontos, pela vossa ajuda quando eu já estava quase sem esperança, especialmente pela vossa confiança, pelo carinho que me têm, por saberem que podem contar comigo para o que for, agradeço as vossas confidências, as vossas experiências, as trocas, as conversas inteligentes e as parvas, as piadas secas e os sorrisos, agradeço o vosso amor acima de tudo, pois como me disse uma vez um amigo, o Amor é só um. Vocês, Eu, os Outros, a Terra...e quem dá Amor sem intenção de receber um dia será recompensado em si mesmo.