quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A droga!

A droga é um nojo, faz-nos ficar sem cabeça, sem alma, faz-nos ser algo que não somos, camufla a nossa dor, mas não a afasta...
A droga faz-nos mentir...
A droga fez-me mal, o consumo exagerado, mas não destruiu o meu interior...apenas o tingiu de outra cor...e agora estou a tentar lavá-lo...longe...e não tenho medo de o dizer...
Nunca me poderia deixar degradar ao ponto de ter de me subjugar aos caprichos dos dealers ou de outra escória qualquer que se aproveitasse da minha necessidade para abusar de mim...

Mas não posso ser imune à droga, posso ser imune a muita coisa, mas à droga não, até porque a droga pode ter vários fins, conceitos, propósitos...até as coisas e as pessoas podem ser uma droga! E só quem passa por isso é que sabe...

Um dia disseram-me que não era eu a pessoa que aparento...por causa da droga.
Um dia disseram-me que podia ser uma pessoa diferente...por causa da droga.
Um dia disseram-me que sem droga podia ser uma pessoa melhor...experimentei...mas não é a droga que me faz ser diferente ou melhor, sou eu que posso fazer essa diferença com ou sem ela...a droga...


Gostava de poder ser uma pessoa melhor, mas acho que não sou...sou uma víbora, quando quero e da pior especie...e odeio e quando odeio, viro monstro... aliás eu acho que sou um monstro, por isso gostava de poder ter uma casa no fim do mundo lá para os lados do polo Norte ou do polo Sul, para poder viver no frio, para poder congelar o meu coração, o meu corpo e só acordar daqui a mil anos quando todos os que conheço já tivessem morrido, gostava de poder viver só comigo, egoisticamente, sem mais ninguém por perto...porque assim podia ser eu sem ter que me relacionar com os outros, sem que me dissessem como fazer as coisas, sem que ninguém me fodesse o juízo, sem que me dissessem "isto tá mal, isto tá bem" seria eu, pura, na minha essência... solidão... e aprenderia à minha custa...fosse como fosse...mas era eu que o faria... e assim aprenderia a viver...sem imposições, sem regras, sem controle, apenas eu, sem nada... quando se consegue viver do nada, deixamos de ser humanos, vivemos como alquimistas e era isso que eu gostava de ser...uma alquimista.

E fugiria desta podre sociedade que todos me querem impôr como certa, que me querem impôr como decente, como correcta, como ordeira, como lixo, como um quadro lindo de Van Gogh como se tudo fosse assim tão simples...

Não como lixo...como o que eu achar que tenho de comer...que me sacie a alma, me eleve a face...

Não quero ser diferente só porque os outros são, quero ser eu, com os meus defeitos que são mais do que as minhas qualidades...e  não quero nem tenho de ser social...quero ser como tenho de ser...e quem ache que isto é mau, não é meu amigo...

Fugir para a Antarctida não me serviria de nada, apenas iria fazer com que mais tarde ou mais cedo quisesse voltar à merda do costume... a ter de olhar para as mesmas caras caso não tivesse conseguido congelar-me...

Tenho raiva, tenho, odeio muitas vezes toda a gente, por vezes até a minha própria filha e todos os que me são próximos porque não quero ouvir, não quero...sentir...não quero aceitar que me amam...de alguma maneira...

Odeio quando dizem ou me tentam mostrar que me amam...porque não acredito que isso seja possivel...não quero...o amor faz-me mal...odeio amar...e que me amem...cegam-me e eu gosto de andar com os olhos bem abertos...por muito que me continuem a dizer que estão fechados...por causa da droga...

A droga não me fez ficar dependente, fez me antes acordar para outra realidade que muitos julgam ser uma coisa ruim...e em certo ponto...até é, mas...felizmente não preciso de drogas..preciso de mim...

Odeio mais ter de precisar dos outros...em muitos sentidos, faz me sentir dependente...gostava de poder ser como Deus se ele existisse...

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